REDES SOCIAIS E A LÍNGUA PORTUGUESA
Temos
de repetir a mesma informação milhares de vezes para ver se as pessoas entendem!
Mais
uma vez (só para os que estão dispostos a ler e querem sair de seu estado de
ignorância - os que não estão dispostos, podem continuar curtindo as postagens
amenas e engraçadas!), venho a rebater as críticas políticas (nada
linguísticas) sobre o termo "presidenta", feito por pessoas que de
língua portuguesa, de língua em geral, nada entendem!
Como
mestre em Linguística (diferentemente do Jô e da pessoa que enviou o texto
imbecil para ele ler no programa - bem como das pessoas ignorantes que
aplaudiram), posso fazer considerações bem mais seguras. A começar pela falsa
informação de que o termo "presidenta" foi cunhado por Dilma. Ele já
existe desde o século XIX, tendo registros em romances do Realismo e sendo
frequente em Portugal. Bastou uma mulher assumir a Presidência da República,
pela 1a. vez na história deste país, para todo o mundo opinar sobre a língua
portuguesa - uns com certa autoridade para isso, outros nem tanta e outros
nenhuma!
Quem
votou em Dilma não vê problema em "presidenta"; quem não votou acha a
palavra absurda.
Os
defensores alegam que, se quem está exercendo o cargo é agora uma mulher, nada
mais justo do que adaptar a designação para o gênero feminino (como se a
palavra, do jeito que é, não pudesse ser usada no feminino), enfatizando,
através da anexação da DG "a" esta conquista histórica das mulheres
brasileiras.
Os
opositores alegam que palavras terminadas em -NTE (como "estudante",
"cliente", "ouvinte" etc.) são invariáveis quanto ao gênero
(o que chamamos de "comuns-de-dois"), mas ignoram que:
1o)
a palavra já é registrada em dicionários do século XIX;
2o)
muitas palavras subvertem as regras de flexão e "presidenta" não
seria a primeira a fazer isso. Existe "superiora" em "madre
superiora", quando se sabe que adjetivos comparativos terminados em
"or" são uniformes (ex.: "cargo superior", "função
superior"); existem também "marechala" e "oficiala"
para designar mulheres que desempenham tais funções (enquanto as demais
palavras term. em "al" são invariáveis: "policial",
"fiscal", "serviçal"...);
3o)
as gramáticas, muito antes de Dilma, já davam como correta a forma "a
presidenta" ao lado de "a presidente";
4o)
já existem palavras terminadas em -NTE que recebem o "a" e ninguém se
incomoda ("a parenta", "a governanta", "a
giganta" – inclusive é o nome da arqui-inimiga da Mulher Maravilha –
Qualquer criança que tenha visto a Legião do Mal duelando com os Super-Amigos
lembra!).
Enfim,
a polêmica é uma mera questão política, não linguística. Diferentemente da
política, a língua serve AO POVO e se adapta às necessidades deste!
Quanto a mim, se eu pudesse decidir algo em se tratando da língua portuguesa, a minha língua, eu diria para não usar palavras diferentes para se referir a ambos os sexos! Se queremos equidade (que saudade do trema aqui!) de gêneros na língua, como conseguiremos isso fazendo a distinção entre feminino e masculino? Dizer "todos e todas" é o fim da picada! Em vez de expressar equidade de gêneros, traduz exatamente o contrário, a distinção entre eles!
Quanto a mim, se eu pudesse decidir algo em se tratando da língua portuguesa, a minha língua, eu diria para não usar palavras diferentes para se referir a ambos os sexos! Se queremos equidade (que saudade do trema aqui!) de gêneros na língua, como conseguiremos isso fazendo a distinção entre feminino e masculino? Dizer "todos e todas" é o fim da picada! Em vez de expressar equidade de gêneros, traduz exatamente o contrário, a distinção entre eles!
Designar
homens e mulheres com as mesmas palavras é a maneira linguisticamente ideal de
mostrar que homens e mulheres têm o mesmo valor! Dizer "presidente"
tanto para homens quanto para mulheres equipararia ambos os sexos!
Ninguém se importa de se referir a um menino ou a um homem agredido através de uma palavra feminina ("a criança" e "a vítima", respectivamente)!
Ninguém se importa de se referir a um menino ou a um homem agredido através de uma palavra feminina ("a criança" e "a vítima", respectivamente)!
Como
não posso decidir os rumos que o português seguirá, como sou apenas um usuário
do idioma, limito-me a escolher qual das opções a língua me oferece para dizer
algo. Porém, como professor de Português, tenho a OBRIGAÇÃO de saber que "presidenta"
não é erro nenhum!
Colegas
professores de Português e estudantes de Letras que pretendem sê-lo: vão
estudar o idioma materno além das páginas das gramáticas normativas antes de
sair por aí pregando ideologias próprias e querendo justificá-las usando nosso
português para isso. A língua não está a serviço de determinados grupos! A
língua é do povo e é moldada por ele!
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