NEM TUDO QUE PARECE É!
Possuímos
o péssimo hábito de prejulgar tudo antes mesmo de ter uma visão completa dos
fatos, ou de tomarmos consciência da total realidade dos acontecimentos que nos
cercam. Isto já faz parte do nosso cotidiano, pois, deparamo-nos com situações que,
por vários motivos não entendemos ou aceitamos, e por isto, somos enganados por
nossos olhos e pelo nosso inconsciente que nos levam a pensamentos e atitudes,
por muitas vezes, involuntários criamos uma realidade muito nossa e acreditamos
ser a dos outros também. E nesta confusão individual, temperada pela
ignorância, tomamos como verdade todos os sinais à nossa imagem, ao sabor dos
nossos desejos, dos nossos sonhos, das nossas vontades. Tudo parece óbvio. Mas
muitas vezes só o é para nós.
É
neste contexto que nasce o preconceito, que é o resultado das frustrações das
pessoas, que, em determinadas circunstâncias, podem se transformar em raiva e
hostilidade. Indivíduos explorados e oprimidos, frequentemente pela própria
natureza, não podem manifestar sua raiva por si mesmos, deslocando sua
hostilidade para aqueles que estão á sua frente, e que não compartilham de seus
comportamentos, atitudes, condição financeira, ou simplesmente não se enquadram
em seus padrões, que são os padrões de quem os cercam e, ao olhar para o mundo
através de uma lente de categorias rígidas, não acreditam na natureza humana,
temendo e rejeitando todos os grupos sociais aos quais não pertencem.
O
preconceito e a discriminação podem ter suas origens nas tentativas que as
pessoas fazem para se conformar. E esta conformidade social ajuda a perpetuar o
ódio e o desrespeito àqueles que não comungam com o que achamos, ou, por muitas
vezes, temos certeza de que nossas crenças e opiniões são à base da verdade
social em que estamos inseridos.
Aqui,
chamamos a atenção para a sociedade, carregada de dogmas involuntários e outros
tantos voluntários a serem como a ave mitológica Fênix, que entrando em autocombustão
torna-se cinzas, para depois renascer transformada em algo melhor para os
outros e para si mesmo. Transformemos nossos preconceitos em conceitos de
liberdade, respeito, harmonia e paz, contribuindo para ajudar cada vez a
disseminar a justiça e a igualdade entre todos, construindo uma sociedade nova
a cada novo nascer do dia.
Uma
coisa é observar os outros, outra coisa é nos observarmos. Por tantas e quantas
vezes não nos vimos em outras pessoas. Na vontade de ser feliz, na loucura de
amar incondicionalmente, ou no sorriso liberto e espontâneo, pelo simples fato
de sorrir?
Olhemos
para o nosso espelho, e veremos que, ali, diante de nossos olhos, está somente
um reflexo do que somos. Não somos nós, e, ás vezes, nem se parece conosco, mas
inconscientemente, temos a certeza de que ali estamos nós.
Assim,
é a sociedade, olhamos para os outros e nos procuramos, quando não nos
encontramos, ficamos frustrados, não com o que vemos, mas com o que não vemos,
o nosso reflexo. Neste contexto, resta-nos a violência gratuita, o insulto, a
rejeição ou simplesmente a indiferença com situações que não vivemos ou não
aceitamos.
Assim
é o espelho da vida. Muitos procuram viver de reflexos, imagens ideais irreais
construindo desvalores sociais e culturas que serão perpetuados por gerações
que insistem em viver diante do espelho.
Nem tudo que parece é!
Tristeza e alegria misturam-se, em alguns momentos, de
forma harmoniosa para podemos viver nesta sociedade preocupada com aparências e
comportamentos. Quantas vezes um sorriso não escondeu várias lágrimas? Onde a
alegria não disfarçou a tristeza? Onde o canto não mascarou a dor de trazer a
natureza humana em sua essência e ato no cenário da vida.
É
difícil interpretar a vida. É difícil definir realidades. Elas não existem
simplesmente, não são independentes de nós. Elas são o que cada um de nós quer
que sejam... até, que chega o dia em que percebemos que nem tudo que parece é.
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